Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O manifesto e o não-manifesto são um

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"O “Eu” é uma entidade sempre presente que aparece em diferentes níveis – manifesto e imanifesto? Esta pergunta freqüentemente é posta diante de Maharaj de diversas formas, em palavras diferentes, por diferentes pessoas, mas sua essência é a mesma. Algumas vezes um visitante arrojado pode trazer à baila a questão exatamente no início da sessão, quando Maharaj menciona, coisa que às vezes faz, que seus ouvintes devem sempre lembrar que ele está falando não como um indivíduo para outro indíviduo, mas como consciência para consciência e a respeito da natureza dela mesma.
Segundo Maharaj, no nível da mente, o “Eu” pode ser considerado sob três aspectos: 1. O impessoal – Avyakta (não-manifesto), o Absoluto “Eu”, além de toda percepção ou experiência sensorial e inconsciente de si mesmo. 2. O suprapessoal – Vyakta (manifesto), o qual é o reflexo do Absoluto na consciência como “eu sou”, e 3. O pessoal – Vyakti, o qual é uma estrutura de processos físicos e vitais, o aparato psicossomático no qual a consciência se manifesta.
Maharaj, contudo, prova seu ponto de vista por repetir, em intervalos freqüentes, que tal distinção é puramente teórica e não pode existir na realidade. Essencialmente, não há diferença entre o manifesto (Vyakta) e o não-manifesto (Avyakta), exatamente como não há diferença essencial entre a luz e a luz do sol. O universo está cheio de luz que não pode ser vista até que seja refletida sobre uma superfície como luz do sol; e o que a luz do sol revela é a pessoa individual (Vyakti). O indivíduo na forma de um corpo humano é sempre o objeto; a consciência (como a testemunha) é o sujeito, e sua relação de dependência mútua (a consciência não pode aparecer sem o aparato do corpo e o corpo não pode ter sensibilidade sem a consciência) é a prova de sua identidade básica com o Absoluto. Ambos são a mesma consciência; uma em descanso, a outra em movimento – uma consciente da outra.
O universo inteiro, explica Maharaj, existe apenas na consciência. O processo idealizado seria como segue: a consciência surge no Puro Ser, por nenhuma causa ou razão exceto que é de sua natureza fazer assim – como ondas na superfície do oceano. Na consciência, o mundo aparece e desaparece; e cada um de nós está no direito de dizer: tudo que existe é Eu; tudo o que existe é meu; antes de todos os princípios, depois de todos os fins, Eu existo para testemunhar tudo que acontece. ‘Eu’, ‘você’ e ‘ele’ são apenas aparências na consciência; tudo é basicamente ‘Eu’.
Não é que o mundo não exista. Como uma aparência na consciência, o mundo é a totalidade do conhecido no potencial do desconhecido. Pode ser dito que o mundo aparece, mas não é. A duração das aparências, certamente, diferirá com as diferentes escalas de tempo. Sem considerar o fato de que o mundo desaparece no sono profundo e reaparece no estado de vigília, a duração de sua aparição varia de acordo com o período de tempo que dura nossa vida – poucas horas para um inseto e éons para a Trindade de Brahma, Vishnu e Maheshwara! Finalmente, contudo, o que quer que seja uma aparição na consciência deve ter um fim, e não pode ter qualquer realidade.
A forma pela qual Maharaj expõe este conhecimento sublime é verdadeiramente surpreendente em sua amplitude de aspectos, enquanto o tema central permanece firmemente enraizado. Ele diz que a Consciência vem do Absoluto (Avyakta) e impregna o ser interior (Vyakta). O ser externo (Vyakti) é a parte de nosso ser da qual não somos conscientes, na medida em que, embora se possa ser consciente (pois todo ser sensível tem consciência), é possível que não sejamos conscientes dele. Em outras palavras, o ser externo (Vyakti) está delineado pelo corpo físico; o ser interior (Vyakta), pela consciência, e é só na Consciência Pura que o Supremo (Avyakta) pode ser contatado.
Não pode haver qualquer “experiência” do Absoluto como tal pela simples razão de que não pode haver nada objetivo sobre o Absoluto, o qual é, essencialmente, pura subjetividade. É a autoconsciência interior o veículo de toda a experiência. O Absoluto provê a potencialidade para a experiência; o eu, a realidade.
O contato individual da pessoa com a Consciência do Absoluto só pode ser produzido quando a mente estiver “jejuando”, por assim dizer, porque, então, o processo da idealização cessa. Quando a mente estiver quieta, refletirá a Realidade; quando a mente estiver absolutamente imóvel, ela se dissolverá, e apenas a Realidade permanecerá. Esta é a razão, diz Maharaj repetidamente, pela qual é necessário ser um com a consciência. Quando a mente se deleita, a Realidade desaparece; quando a mente jejua, aparece a Realidade.
A Consciência, assinala Maharaj de uma outra maneira, quando estiver em contato com um objeto, uma forma física, converter-se-á na testemunha. Quando, ao mesmo tempo, houver auto-identificação com o objeto, tal estado se tornará “a pessoa”. Na Realidade, há apenas um estado; quando corrompido e manchado pela auto-identificação, poderá ser chamado uma pessoa (Vyakti); quando colorido pelo sentido de ser, a consciência resultante tornar-se-á “a testemunha”; quando permanecer em sua pureza original, sem contaminação ou matiz algum, ele será o Supremo, o Absoluto.
É necessário ser claro sobre a diferença, embora teórica, entre Consciência do Absoluto e a consciência na qual o universo aparece, Maharaj sempre nos adverte. Uma é apenas o reflexo da outra. Mas o reflexo do sol na gota de orvalho não é o sol. Na ausência de objetificação, como no sono profundo, o universo aparente não existe, mas nós existimos. É assim porque o que somos é o que o universo aparente é, e vice-versa – dual na presença, não-dual na ausência; irreconciliavelmente separados em conceito, inviolavelmente unidos quando na ausência de toda concepção. "









De: "Sinais do Absoluto" (Pointers from Nisargadatta). SINAIS DO ABSOLUTO.

Um comentário:

Unknown disse...

E a caaaveeeeiraaaa? Ela como fez parte da consciência suprema ela tem a autoconsciência de si mesmo?

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