Pergunta: Há livros muito interessantes escritos por gente aparentemente competente, nos quais se nega o sentido ilusório do mundo (embora não sua transitoriedade). Segundo eles, existe uma hierarquia de seres, do mais baixo ao mais alto; em cada nível, a complexidade do organismo permite e reflete a profundidade, alcance e intensidade da consciência sem alguma culminação visível ou cognoscível. Uma lei suprema governa por toda parte: a evolução das formas para o crescimento e enriquecimento da consciência, e a manifestação de suas infinitas possibilidades.
Maharaj: Isto pode ser assim ou não. Mesmo se for assim, só o será do ponto de vista da mente, mas, de fato, todo o universo (mahadakash) existe apenas na consciência (chidakash), enquanto eu tenho meu apoio no Absoluto (paramakash). No ser puro, surge a consciência; na consciência, o mundo aparece e desaparece. Tudo o que existe sou eu, tudo o que existe é meu. Antes de todos os começos, depois de todos os finais – Eu sou. Tudo tem sua existência em mim, no ‘Eu sou’ que resplandece em todo ser vivo. Inclusive a não-existência é impensável sem mim. O que quer que aconteça, eu tenho que estar presente para testemunhá-lo.
P: Por que nega o ser ao mundo?
M: Eu não nego o mundo. Vejo-o como uma aparição na consciência, que é a totalidade do conhecido na imensidade do desconhecido.
O que começa e acaba é uma mera aparência. Pode-se dizer que o mundo aparece, mas não que é. A aparência pode durar muito em alguma escala temporal e ser muito breve em outra, mas, em última instância, dá no mesmo. Qualquer coisa limitada pelo tempo é momentânea e não tem realidade.
P: Certamente você vê o mundo presente que o rodeia. Você parece comportar-se normalmente!
M: Isso é o que parece a você. O que em seu caso ocupa todo o campo da consciência é só uma partícula no meu. O mundo dura apenas um instante. Sua memória é a que o faz pensar que o mundo continua. Eu não vivo na memória. Eu vejo o mundo como é, uma aparição momentânea na consciência.
P: Em sua consciência?
M: Toda a ideia de ‘eu’ e ‘meu’, mesmo o ‘Eu sou’, está na consciência.
P: Então, seu ‘ser absoluto’ (paramakash) é inconsciente?
M: A ideia de inconsciência existe apenas na consciência.
P: Então, como você sabe que está no estado supremo?
M: Porque estou nele. Ele é o único estado natural.
P: Pode descrevê-lo?
M: Só mediante a negação, como sem causa, independente, sem relação, indiviso, sem componentes, inabalável, inquestionável, inalcançável mediante esforço. Toda definição positiva é da memória e, portanto, não é aplicável. Ainda assim, meu estado é supremamente atual e, portanto, possível, realizável, alcançável.
P: Você não estaria imerso atemporalmente em uma abstração?
M: A abstração é mental e verbal, e desaparece no sonho ou no desmaio, reaparecendo no tempo. Eu estou em meu próprio estado (swarupa), atemporalmente no agora. O passado e o futuro só existem na mente; Eu sou agora.
P: O mundo também existe agora.
M: Que mundo?
P: O mundo ao redor de nós.
M: O mundo que tem em sua mente é o seu, não o meu. Que sabe de mim quando mesmo minha conversa com você ocorre apenas em seu mundo? Você não tem razão para crer que meu mundo é idêntico ao seu. Meu mundo é real, verdadeiro, tal como é percebido, enquanto o seu aparece e desaparece de acordo com o estado de sua mente. Seu mundo é algo alheio e você tem medo dele. Meu mundo sou eu mesmo. Estou em casa.
P: Se você fosse o mundo, como poderia ser consciente dele? Não é o sujeito da consciência distinto de seu objeto?
M: A consciência e o mundo aparecem e desaparecem juntos, de modo que são dois aspectos do mesmo estado.
P: Durante o sono eu não sou e o mundo continua.
M: Como você sabe?
P: Eu o sei ao despertar. Minha memória o diz.
M: A memória está na mente, a qual continua durante o sono.
P: Parcialmente está em suspensão.
M: Mas a imagem do mundo não é afetada. Enquanto a mente existir, seu corpo e seu mundo existirão. Seu mundo é produto da mente, é subjetivo, está encerrado na mente, é fragmentário, temporal, pessoal, suspenso pelo fio da memória.
P: O mesmo que o seu?
M: Oh, não. Eu vivo em um mundo de realidades, enquanto o seu é de imaginações. O seu mundo é pessoal, privado, não compartilhável, intimamente seu. Ninguém pode entrar nele, ver como você vê, ouvir como você ouve, sentir suas emoções e pensar seus pensamentos. Em seu mundo, você está verdadeiramente só, encerrado em seu sonho sempre variável que você toma por vida. Meu mundo é um mundo aberto, comum a todos, acessível a todos. Em meu mundo há comunidade, compreensão, amor, qualidade real; o indivíduo é o total, a totalidade – no indivíduo. Todos são um e o Um é todos.
P: O seu mundo está cheio de coisas e pessoas como o meu?
M: Não, está cheio de mim mesmo.
P: Mas você vê e ouve como nós?
M: Sim, parece que ouço e falo e atuo, mas para mim simplesmente acontece, como para você acontece a digestão ou a transpiração. O aparelho corpo-mente ocupa-se disto, mas me deixa fora. Assim como você não necessita preocupar-se com o crescimento dos cabelos, eu não necessito preocupar-me com as palavras e com as ações. Simplesmente ocorrem e me deixam indiferente, pois em meu mundo nada anda mal.
Maharaj: Isto pode ser assim ou não. Mesmo se for assim, só o será do ponto de vista da mente, mas, de fato, todo o universo (mahadakash) existe apenas na consciência (chidakash), enquanto eu tenho meu apoio no Absoluto (paramakash). No ser puro, surge a consciência; na consciência, o mundo aparece e desaparece. Tudo o que existe sou eu, tudo o que existe é meu. Antes de todos os começos, depois de todos os finais – Eu sou. Tudo tem sua existência em mim, no ‘Eu sou’ que resplandece em todo ser vivo. Inclusive a não-existência é impensável sem mim. O que quer que aconteça, eu tenho que estar presente para testemunhá-lo.
P: Por que nega o ser ao mundo?
M: Eu não nego o mundo. Vejo-o como uma aparição na consciência, que é a totalidade do conhecido na imensidade do desconhecido.
O que começa e acaba é uma mera aparência. Pode-se dizer que o mundo aparece, mas não que é. A aparência pode durar muito em alguma escala temporal e ser muito breve em outra, mas, em última instância, dá no mesmo. Qualquer coisa limitada pelo tempo é momentânea e não tem realidade.
P: Certamente você vê o mundo presente que o rodeia. Você parece comportar-se normalmente!
M: Isso é o que parece a você. O que em seu caso ocupa todo o campo da consciência é só uma partícula no meu. O mundo dura apenas um instante. Sua memória é a que o faz pensar que o mundo continua. Eu não vivo na memória. Eu vejo o mundo como é, uma aparição momentânea na consciência.
P: Em sua consciência?
M: Toda a ideia de ‘eu’ e ‘meu’, mesmo o ‘Eu sou’, está na consciência.
P: Então, seu ‘ser absoluto’ (paramakash) é inconsciente?
M: A ideia de inconsciência existe apenas na consciência.
P: Então, como você sabe que está no estado supremo?
M: Porque estou nele. Ele é o único estado natural.
P: Pode descrevê-lo?
M: Só mediante a negação, como sem causa, independente, sem relação, indiviso, sem componentes, inabalável, inquestionável, inalcançável mediante esforço. Toda definição positiva é da memória e, portanto, não é aplicável. Ainda assim, meu estado é supremamente atual e, portanto, possível, realizável, alcançável.
P: Você não estaria imerso atemporalmente em uma abstração?
M: A abstração é mental e verbal, e desaparece no sonho ou no desmaio, reaparecendo no tempo. Eu estou em meu próprio estado (swarupa), atemporalmente no agora. O passado e o futuro só existem na mente; Eu sou agora.
P: O mundo também existe agora.
M: Que mundo?
P: O mundo ao redor de nós.
M: O mundo que tem em sua mente é o seu, não o meu. Que sabe de mim quando mesmo minha conversa com você ocorre apenas em seu mundo? Você não tem razão para crer que meu mundo é idêntico ao seu. Meu mundo é real, verdadeiro, tal como é percebido, enquanto o seu aparece e desaparece de acordo com o estado de sua mente. Seu mundo é algo alheio e você tem medo dele. Meu mundo sou eu mesmo. Estou em casa.
P: Se você fosse o mundo, como poderia ser consciente dele? Não é o sujeito da consciência distinto de seu objeto?
M: A consciência e o mundo aparecem e desaparecem juntos, de modo que são dois aspectos do mesmo estado.
P: Durante o sono eu não sou e o mundo continua.
M: Como você sabe?
P: Eu o sei ao despertar. Minha memória o diz.
M: A memória está na mente, a qual continua durante o sono.
P: Parcialmente está em suspensão.
M: Mas a imagem do mundo não é afetada. Enquanto a mente existir, seu corpo e seu mundo existirão. Seu mundo é produto da mente, é subjetivo, está encerrado na mente, é fragmentário, temporal, pessoal, suspenso pelo fio da memória.
P: O mesmo que o seu?
M: Oh, não. Eu vivo em um mundo de realidades, enquanto o seu é de imaginações. O seu mundo é pessoal, privado, não compartilhável, intimamente seu. Ninguém pode entrar nele, ver como você vê, ouvir como você ouve, sentir suas emoções e pensar seus pensamentos. Em seu mundo, você está verdadeiramente só, encerrado em seu sonho sempre variável que você toma por vida. Meu mundo é um mundo aberto, comum a todos, acessível a todos. Em meu mundo há comunidade, compreensão, amor, qualidade real; o indivíduo é o total, a totalidade – no indivíduo. Todos são um e o Um é todos.
P: O seu mundo está cheio de coisas e pessoas como o meu?
M: Não, está cheio de mim mesmo.
P: Mas você vê e ouve como nós?
M: Sim, parece que ouço e falo e atuo, mas para mim simplesmente acontece, como para você acontece a digestão ou a transpiração. O aparelho corpo-mente ocupa-se disto, mas me deixa fora. Assim como você não necessita preocupar-se com o crescimento dos cabelos, eu não necessito preocupar-me com as palavras e com as ações. Simplesmente ocorrem e me deixam indiferente, pois em meu mundo nada anda mal.
De: "Eu Sou Aquilo" dialogo 7
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