"É costume do Maharaj expor um ponto particular em profundidade com grande paciência, dando exemplos e símiles apropriados. Depois disto, quando ele solicita que se pergunte sobre o que falou, as questões freqüentemente tendem a se basear não nos pontos que apresentou com tanto esforço, mas nos exemplos dados meramente para ilustrar um aspecto particular do assunto em discussão. Tais perguntas mostram claramente que os questionadores perderam todo o ponto principal. Maharaj, então, freqüentemente os exorta: Podem fazer perguntas sobre o que foi dito, mas sem se identificar com o corpo.
Muitos visitantes se sentem rejeitados quando o convite para perguntar é feito desta forma, sujeito a uma condição que, para eles, parece especialmente onerosa, mesmo injusta. Por que Maharaj insiste em que o questionador deveria desidentificar-se do corpo? A resposta direta seria: Porque um objeto não pode presumir que entenda seu sujeito; é impossível para uma sombra entender a substância da qual é sombra.
Desde que haja um ‘indivíduo’ conceitual identificando-se com o corpo (o qual é meramente um aparato psicossomático, um ‘objeto’) como uma entidade autônoma, seria possível para ele entender de alguma maneira o Absoluto, o qual é totalmente intocado pelo que é objetivo? E, além disto, poderia qualquer pergunta de alguém que estivesse pensando e falando como uma suposta entidade autônoma ser qualquer coisa senão um absurdo completo? Isto, contudo, não implica que as perguntas poderiam surgir apenas de um ser plenamente realizado. Um ser realizado, um Jnani, não teria nenhuma pergunta!
O que Maharaj parecia esperar de seus ouvintes era alguma coisa entre estes dois extremos. Como ele diz, freqüentemente, ele presume que aqueles que vêm a ele não seriam principiantes, mas teriam já feito um moderado trabalho de casa sobre o assunto, não Mumukshus, mas Sadhakas. Em outras palavras, Maharaj quer que os ouvintes não esqueçam que ele é a consciência impessoal e não o aparato físico no qual a consciência se manifestou. Ele espera que, no ato de escutar suas palavras, tenha-se como base a apercepção direta, sem qualquer intervenção de um indivíduo conceitual, e com um claro entendimento do que está acontecendo durante o processo de falar e escutar. Neste contexto, Maharaj diz: Para ser efetiva, a abertura para minhas palavras deve ser tal que elas penetrem como uma flecha. Falo para a consciência e não para qualquer indivíduo.
Maharaj aconselha a quem o escuta ‘a aperceber-se diretamente e esquecer imediatamente’, para não usar suas palavras como uma plataforma da qual lançar seus próprios conceitos. Os conceitos – diz ele – surgem dos pensamentos, e todos estes juntos formam um feixe que é conhecido como mente. ‘Pensar’ significa ‘conceituar’, criando objetos na mente, e isto é ‘escravidão’. As palavras, basicamente dualistas e conceituais, são uma obstrução à iluminação. Podem apenas servir ao propósito temporário de comunicação, mas a partir daí são uma escravidão. Ficar livre do pensamento conceitual significa iluminação, despertar, a qual não pode ser de outra forma ‘atingida’, ou ‘obtida’, por qualquer um. A iluminação não é uma ‘coisa’ a ser adquirida por alguém, a qualquer tempo, em qualquer lugar. A penetração das palavras de Maharaj como uma flecha causa esta apercepção e isto é iluminação!
A isto, a espontânea reação dos visitantes é: Se não há ‘alguém’ para adquirir qualquer ‘coisa’, o que se espera que façamos? A igualmente rápida resposta de Maharaj é: Quem é ‘nós’? A resposta usualmente vem – se vier – tardiamente, hesitantemente: Você quer dizer que ‘nós’ mesmos somos parte do pensamento conceitual? Totalmente ilusórios?
Neste ponto, Maharaj repete o que ele tem sempre dito: Todo conhecimento é conceitual, portanto, falso. Aperceba-se diretamente e desista da busca pelo conhecimento. Mas quantos de vocês farão isto? Quantos de vocês entendem o que estou tentando comunicar a vocês? Qual o propósito de minhas conversas? – pergunta Maharaj. É fazer que compreendam, vejam, apercebam-se de sua verdadeira natureza. Mas há um obstáculo a ser removido em primeiro lugar; ou melhor, um obstáculo que deve desaparecer antes que vocês possam ver e ser o que é. Todo ‘pensamento’, ‘conceituação’, ‘objetivação’ deve cessar. Por quê? Porque o que é não tem o mais leve toque de objetividade. É o sujeito de todos os objetos e, não sendo um objeto, não pode ser observado. O olho vê todas as outras coisas, mas não vê a si mesmo.
À questão ‘o que se tem que fazer, que esforços devem ser feitos para parar de conceituar’, a resposta de Maharaj é: Nada; nenhum esforço. Quem vai esforçar-se? Que esforço você fez para crescer de uma minúscula célula de esperma até o bebê plenamente desenvolvido no útero da mãe? E, mais tarde, por diversos meses, quando você passou de um bebê desamparado a uma criança, que esforços você fez para sentir sua presença? E, agora, você fala de ‘esforços’, os quais ‘você’ deve fazer! Que esforço poderia fazer um ‘eu’ conceitual ilusório para conhecer sua verdadeira natureza? Que esforços uma sombra poderia fazer para conhecer sua substância? A compreensão da verdadeira natureza não requer nenhum esforço fenomênico. A iluminação não pode ser atingida nem forçada. Pode apenas acontecer quando lhe é dada a oportunidade de fazê-lo, quando a obstrução dos conceitos desaparece. Ela só pode apresentar-se quando lhe é dado um espaço vazio para aparecer. Se algum outro vier ocupar esta casa, diz Maharaj, deverei primeiro esvaziá-la. Se o ‘eu’ conceitual já está ocupado, como a iluminação entraria? Deixe vagar o conceitual ‘eu’ e dê à iluminação a oportunidade de entrar. Mesmo fazer um esforço positivo para parar de pensar como um método de libertação da conceituação seria um exercício na futilidade, e assim seria com qualquer outro tipo de ‘esforço’!
O único esforço efetivo é o apercebimento instantâneo da verdade. Veja o falso como falso e o que permanece é verdadeiro. O que está ausente agora aparecerá quando o que agora está presente desaparecer. É assim tão simples. A negação é a única resposta."
Muitos visitantes se sentem rejeitados quando o convite para perguntar é feito desta forma, sujeito a uma condição que, para eles, parece especialmente onerosa, mesmo injusta. Por que Maharaj insiste em que o questionador deveria desidentificar-se do corpo? A resposta direta seria: Porque um objeto não pode presumir que entenda seu sujeito; é impossível para uma sombra entender a substância da qual é sombra.
Desde que haja um ‘indivíduo’ conceitual identificando-se com o corpo (o qual é meramente um aparato psicossomático, um ‘objeto’) como uma entidade autônoma, seria possível para ele entender de alguma maneira o Absoluto, o qual é totalmente intocado pelo que é objetivo? E, além disto, poderia qualquer pergunta de alguém que estivesse pensando e falando como uma suposta entidade autônoma ser qualquer coisa senão um absurdo completo? Isto, contudo, não implica que as perguntas poderiam surgir apenas de um ser plenamente realizado. Um ser realizado, um Jnani, não teria nenhuma pergunta!
O que Maharaj parecia esperar de seus ouvintes era alguma coisa entre estes dois extremos. Como ele diz, freqüentemente, ele presume que aqueles que vêm a ele não seriam principiantes, mas teriam já feito um moderado trabalho de casa sobre o assunto, não Mumukshus, mas Sadhakas. Em outras palavras, Maharaj quer que os ouvintes não esqueçam que ele é a consciência impessoal e não o aparato físico no qual a consciência se manifestou. Ele espera que, no ato de escutar suas palavras, tenha-se como base a apercepção direta, sem qualquer intervenção de um indivíduo conceitual, e com um claro entendimento do que está acontecendo durante o processo de falar e escutar. Neste contexto, Maharaj diz: Para ser efetiva, a abertura para minhas palavras deve ser tal que elas penetrem como uma flecha. Falo para a consciência e não para qualquer indivíduo.
Maharaj aconselha a quem o escuta ‘a aperceber-se diretamente e esquecer imediatamente’, para não usar suas palavras como uma plataforma da qual lançar seus próprios conceitos. Os conceitos – diz ele – surgem dos pensamentos, e todos estes juntos formam um feixe que é conhecido como mente. ‘Pensar’ significa ‘conceituar’, criando objetos na mente, e isto é ‘escravidão’. As palavras, basicamente dualistas e conceituais, são uma obstrução à iluminação. Podem apenas servir ao propósito temporário de comunicação, mas a partir daí são uma escravidão. Ficar livre do pensamento conceitual significa iluminação, despertar, a qual não pode ser de outra forma ‘atingida’, ou ‘obtida’, por qualquer um. A iluminação não é uma ‘coisa’ a ser adquirida por alguém, a qualquer tempo, em qualquer lugar. A penetração das palavras de Maharaj como uma flecha causa esta apercepção e isto é iluminação!
A isto, a espontânea reação dos visitantes é: Se não há ‘alguém’ para adquirir qualquer ‘coisa’, o que se espera que façamos? A igualmente rápida resposta de Maharaj é: Quem é ‘nós’? A resposta usualmente vem – se vier – tardiamente, hesitantemente: Você quer dizer que ‘nós’ mesmos somos parte do pensamento conceitual? Totalmente ilusórios?
Neste ponto, Maharaj repete o que ele tem sempre dito: Todo conhecimento é conceitual, portanto, falso. Aperceba-se diretamente e desista da busca pelo conhecimento. Mas quantos de vocês farão isto? Quantos de vocês entendem o que estou tentando comunicar a vocês? Qual o propósito de minhas conversas? – pergunta Maharaj. É fazer que compreendam, vejam, apercebam-se de sua verdadeira natureza. Mas há um obstáculo a ser removido em primeiro lugar; ou melhor, um obstáculo que deve desaparecer antes que vocês possam ver e ser o que é. Todo ‘pensamento’, ‘conceituação’, ‘objetivação’ deve cessar. Por quê? Porque o que é não tem o mais leve toque de objetividade. É o sujeito de todos os objetos e, não sendo um objeto, não pode ser observado. O olho vê todas as outras coisas, mas não vê a si mesmo.
À questão ‘o que se tem que fazer, que esforços devem ser feitos para parar de conceituar’, a resposta de Maharaj é: Nada; nenhum esforço. Quem vai esforçar-se? Que esforço você fez para crescer de uma minúscula célula de esperma até o bebê plenamente desenvolvido no útero da mãe? E, mais tarde, por diversos meses, quando você passou de um bebê desamparado a uma criança, que esforços você fez para sentir sua presença? E, agora, você fala de ‘esforços’, os quais ‘você’ deve fazer! Que esforço poderia fazer um ‘eu’ conceitual ilusório para conhecer sua verdadeira natureza? Que esforços uma sombra poderia fazer para conhecer sua substância? A compreensão da verdadeira natureza não requer nenhum esforço fenomênico. A iluminação não pode ser atingida nem forçada. Pode apenas acontecer quando lhe é dada a oportunidade de fazê-lo, quando a obstrução dos conceitos desaparece. Ela só pode apresentar-se quando lhe é dado um espaço vazio para aparecer. Se algum outro vier ocupar esta casa, diz Maharaj, deverei primeiro esvaziá-la. Se o ‘eu’ conceitual já está ocupado, como a iluminação entraria? Deixe vagar o conceitual ‘eu’ e dê à iluminação a oportunidade de entrar. Mesmo fazer um esforço positivo para parar de pensar como um método de libertação da conceituação seria um exercício na futilidade, e assim seria com qualquer outro tipo de ‘esforço’!
O único esforço efetivo é o apercebimento instantâneo da verdade. Veja o falso como falso e o que permanece é verdadeiro. O que está ausente agora aparecerá quando o que agora está presente desaparecer. É assim tão simples. A negação é a única resposta."
De "Sinais do Absoluto" - Pointers from Nisargadatta Maharaj - o 1° livro de Ramesh Balsekar sobre ops ensinamentos do grande jnani. Futura publicação da Editora Advaita.
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