Uma
outra manhã, Maharaj sentou-se inclinado em sua cama, com seus olhos fechados.
Os visitantes tinham chegado um por um e sentado quietamente. Ao verem o Mestre
descansando, sentaram-se em meditação com os olhos também fechados. É
surpreendente como é fácil entrar no estado de ‘jejum’ da mente na presença do
Mestre. Repentinamente, Maharaj começou a falar, embora com uma voz fraca.
"Vocês, pessoas, vêm aqui desejando
algo. O que vocês querem pode ser conhecimento com “C” maiúsculo – a mais alta
Verdade – todavia, vocês querem alguma coisa. A maioria de vocês tem vindo aqui
há bastante tempo. Por quê? Se tivessem tido a apercepção do que tenho dito,
vocês deveriam ter parado de vir há muito tempo! Mas o que realmente aconteceu
é que vocês vêm aqui dia após dia, identificados como seres individuais, homem
ou mulher, com diversas pessoas e coisas que vocês chamam ‘minhas’. Pensam,
também, que vêm aqui por vontade própria, para ver um outro indivíduo – um Guru
– que, vocês esperam, lhes dará a ‘liberação’ da ‘escravidão’.
Vocês não percebem quão ridículo é
isto? O fato de que venham dia após dia mostra apenas que não estão preparados
para aceitar minha palavra de que não existe nada semelhante a um ‘indivíduo’;
que o ‘indivíduo’ é apenas uma aparição; que uma aparição não pode estar
sujeita à ‘escravidão’ e, portanto, não há nenhuma ‘liberação’ possível para
ela.
Vocês nem mesmo compreendem que, se a
própria base de suas buscas estiver errada, o que poderiam encontrar? De fato,
há algo a ser alcançado? Por quem? Por uma aparição?
Isto não é tudo. O que digo está
sendo gravado por algumas pessoas; outras tomam suas próprias notas. Para qual
propósito? Fazer o condicionamento ainda mais poderoso? Vocês não compreendem
que nunca houve a questão do ‘quem’? Tudo que aconteceu (se de algum modo algo
aconteceu) foi espontâneo. Nunca houve qualquer lugar para um indivíduo na
totalidade da manifestação; todo o funcionamento está no nível do espaço físico
conceitual (Mahadakash), o qual está contido em um fragmento conceitual de
consciência, o espaço mental do tempo, percepção e cognição (Chidakash). Esta
totalidade do conhecido se funde finalmente na potencialidade infinita que é a atemporal
e ilimitada Realidade (Paramakash). Nesta manifestação conceitual, formas sem
número são criadas e destruídas, sendo o Absoluto imanente em todas as formas
fenomênicas. Onde figuram os indivíduos como indivíduos? Em parte alguma. E,
ainda assim, em todo lugar, pois nós somos a manifestação. Nós somos o
funcionamento. Nós somos a vida sendo vivida. Somos o que vive no sonho. Mas
não como indivíduos.
A apercepção desta verdade destrói o
buscador individual; o buscador torna-se o buscado e o buscado é a apercepção."
De "Sinais do Absoluto"
Um comentário:
Muito obrigado pelo texto!
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