Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

sábado, 29 de junho de 2013

Uma entidade não pode alcançar a iluminação!











Terça-feira, 14 de Julho 1981 


Um grupo de três pessoas estava visitando Maharaj pela primeira vez. Embora padecendo na cama e extremamente fraco, Maharaj lhes perguntou se tinham alguma pergunta a fazer. Eles conversaram entre si e decidiram fazer apenas uma pergunta:
“Maharaj, todos nós fizemos certa Sadhana por algum tempo, mas o progresso não parece adequado. O que devemos fazer?”
Maharaj disse que o propósito de qualquer esforço é obter algo, algum benefício que não se possui. 
“O que é isto que tentam atingir?”
A resposta foi rápida e positiva: 
“Nós queremos ser como você – iluminados.”

          Maharaj riu e se empertigou na cama. Quando estava mais confortável com dois travesseiros para apoiar suas costas, ele continuou:
“É nisto que a idéia errada está enraizada: em pensar que vocês são entidades que devem alcançar algo para que possam se tornar como a entidade que vocês pensam que eu sou! Este é o pensamento que constitui a ‘escravidão’, a identificação com uma entidade – e nada, absolutamente nada, exceto a desidentificação causará a ‘liberação’.
          Como eu disse, vocês vêem a si mesmos e a mim como entidades, entidades separadas; eu vejo vocês exatamente como me vejo. Vocês são o que eu sou, mas vocês se identificaram com o que pensam ser – um objeto – e buscam a liberação para este objeto. Não é uma enorme piada? Poderia algum objeto ter existência independente e vontade de agir? Poderia um objeto estar escravizado? E liberado?”

          O interlocutor juntou suas mãos em namaskar e, muito respeitosamente, sugeriu que o que Maharaj tinha dito não poderia talvez ser questionado como um ideal teórico, mas que, certamente, disse ele, ainda que as pessoas possam ser entidades fictícias, nada mais que meras aparições na consciência, como viveríamos no mundo a menos que aceitássemos as diferentes entidades como suficientemente ‘reais’ na vida?
          Esta discussão pareceu animar extraordinariamente o Maharaj, e a debilidade em sua voz desapareceu gradualmente. 
Ele disse:
“Você vê quão sutil é este assunto? Você respondeu sua própria pergunta, mas a resposta lhe escapou. O que você disse é que você sabe que a entidade como tal é totalmente fictícia e não tem autonomia própria; é apenas um conceito. Mas a entidade fictícia deve viver sua vida normal. Onde está o problema? É muito difícil viver uma vida normal, sabendo que a vida em si é um conceito? Você compreendeu? Uma vez que tenha visto o falso como falso, uma vez que tenha visto a natureza dual do que chama ‘vida’ – que na realidade é viver – o restante será simples; tão simples como um ator desempenhando seu papel com entusiasmo, sabendo que é apenas um papel que ele está desempenhando em uma peça ou um filme, e nada mais.
          Reconhecer este fato com convicção, apercebendo-se desta posição, é toda a verdade. O resto é mera atuação.”


De: "Sinais do Absoluto"





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