Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

terça-feira, 23 de julho de 2013

Guru Purnima









Sexta-feira, 17 de julho 1981 


Era o dia sagrado do Guru Purnima e Maharaj deve ter recorrido com dificuldade a seus parcos recursos físicos para falar algumas palavras sobre este dia dos mais auspiciosos. Estava sentado em sua cama, vestindo um grosso pulôver apesar de a salinha estar muito quente devido ao número de devotos no local. Ele começou falando muito debilmente, mas logo sua voz pareceu ganhar uma nova força.

"Vocês têm vindo aqui, todo o tempo esperando que eu lhes desse um programa do que deveriam fazer para obter a ‘liberação’. E o que continuo falando para vocês é que, desde que não há uma entidade como tal, a questão da escravidão não surge; e que, se alguém não está escravizado, não há necessidade de liberação. Tudo o que posso fazer é mostrar-lhe que o que você é não é o que você pensa ser.

Mas o que digo não é aceitável para a maioria de vocês. E alguns de vocês vão a outros lugares, onde ficarão felizes em dar-lhes uma lista de ‘coisas a fazer’ e a ‘não fazer’. E, além disto, eles agem de acordo com tais instruções com fé e diligência. Mas o que eles não compreendem é que tudo o que praticam como uma ‘entidade’ apenas fortalece suas identificações com a entidade ilusória e, portanto, o entendimento da Verdade continua tão distante como sempre.

As pessoas imaginam que elas devem de algum modo mudar a si mesmas de seres humanos imperfeitos em seres humanos perfeitos conhecidos como sábios. Se apenas vissem o absurdo neste pensamento! Aquele que pensa nestes termos é ele mesmo um conceito, uma aparição, um personagem em um sonho. Como poderia uma mera imagem ilusória fenomênica despertar de um sonho através do aperfeiçoamento de si mesma?

O único ‘despertar’ é o apercebimento daquilo-que-se-é. De fato, não há nenhuma questão de um ‘quem’ nesse apercebimento, pois a própria apercepção é a natureza verdadeira; e o pré-requisito de tal apercepção é o desaparecimento do fenômeno. O que é apercebido é a manifestação como um todo, não por um ‘quem’ que se mantém como um observador separado. A apercepção é o funcionamento total do Absoluto – apercepção é o que você é. O universo que aparece na consciência é um espelho que reflete todos os seres sensíveis, isto é, a consciência é a própria origem do universo aparente. A consciência não é diferente de seu conteúdo manifestado.

E tal apercepção não tem nada a ver com um ‘quem’, com um fenômeno, uma aparência na consciência, que é apenas uma parte infinitesimal do funcionamento total. O entendimento intuitivo profundo deste fato é o único ‘despertar’, ou ‘iluminação’, a única ‘libertação’ ilusória de uma escravidão ‘ilusória’, o despertar do sonho da vida.


O que faz o Guru? Um Guru realizado faria a única coisa que poderia ser feita: apontar para o Sadguru que está no interior. O Sadguru está sempre ali, que você se lembre  dele ou não, e uma associação constante com ele – seja o que for que você possa estar fazendo – é tudo o que é necessário. Qualquer outra coisa obtida por meio do esforço não apenas não ajudaria, como seria um obstáculo e um perigo."


De "Sinais do Absoluto" (Ponters from Nisargadatta Maharaj)







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