Pergunta: Algumas vezes eu tenho a impressão de que há apenas infelicidade nesse mundo.
Karl: Quem é este que tem esta impressão?
P: Eu tenho. Isto me deixa deprimido.
K: Seja o que você é. Então você se sentirá bem, sempre. Já que na ausência de um ‘eu’, não há ninguém que possa se sentir infeliz. Alguem feliz sempre terá o temor de se tornar infeliz. A felicidade relativa sempre o impulsiona novamente para a infelicidade. Sim: a felicidade relativa deste mundo é sinônimo de infelicidade. Há apenas infelicidade neste mundo! Você está certo.
P: Dificilmente isto me consola.
K: É por isto que Jesus não disse: “Trago a paz e o amor para o mundo”. Em vez disto, ele disse o oposto: “Eu lhe mostro que o mundo não pode faze-lo feliz. Não há paz neste mundo. Há apenas infelicidade. Ninguém já foi feliz neste mundo.”
P: Pare com isso!
K: Sempre lhe perguntavam por que, como filho de Deus, ele não poderia governar e trazer a felicidade eterna, o paraíso sobre a terra, porque ele não tinha a onipotência de Deus. Sua resposta era: “Que os mortos enterrem os mortos”.
O mundo está morto. Quem se importa com o que ele parece? Que o mortos se ocupem dos mortos. O mundo é apenas um fenômeno, uma ideia sua, não mais vivo que um sonho ou um pesadelo, o qual parece real apenas enquanto ninguém pisa no seu pé.
“Oh, isto, afinal, não era real de modo algum: este terrível perseguidor ou este infinito abismo, dentro do qual eu simplesmente caio, gritando!”
Não, não era real e não é real. Real é o que você é, e sua felicidade não depende do sonho.
P: Mas, afinal, eu sou um filho deste tempo e não posso negar ...
K: Não, você não é um filho deste tempo. O tempo é filho seu! Você é a fonte do tempo. Toda manhã, quando você abre seus olhos, você cria o mundo. O corpo desperta, não você. O estado desperto que você é já está presente. Ele nunca dormiu. Seja este estado desperto. Ele é de qualquer maneira o que você é. Você é aquilo que é anterior ao ‘eu’ e ao mundo, mas você acredita em seu intelecto. Você está fascinado por este mundo que ele projeta e imediatamente quer melhorá-lo. Você já é infeliz. Assim, o mundo pode apenas ficar melhor.
P: Como e quando?
K: Você tem um encontro com você mesmo que não pode perder.
Quando? Quando não criar mais tempo. Como? Parando.
A felicidade não jaz em sua projeção do mundo mas, muito mais simplesmente, naquilo que você é. Chame-a natureza de cristo ou natureza de Buda. É isto que você é.
Você mesmo é o não nascido, o imortal.
Sua natureza é felicidade.
Sua natureza é felicidade.
De: "A Miragem da Iluminação e outros erros conceituais" dialogos com Karl Renz.
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