Uma vez que se tenha uma
clara apercepção disto, não se pode não entender que a nossa idéia de que
‘vivemos nossas vidas’ é uma brincadeira, pois a idéia de viver nossas vidas é
baseada na crença errada de que tudo o que fazemos é um ato de nossa vontade. Quem
poderia exercitar esta vontade quando nós justamente agora nos apercebemos que
não há nenhuma entidade para exercitá-la? ‘Viver’ em si não é, na realidade,
outra coisa que o funcionamento da consciência através de milhões de formas
físicas, tomadas erradamente como vida individual.
Maharaj também explica
que esta apercepção básica comporta o entendimento de que a vida é apenas um
sonho vivente. Neste ponto, deveria estar claro que o que se vê, ouve,
experimenta, cheira ou toca é percebido sensorialmente, e que esta percepção é,
de fato, simplesmente uma cognição na consciência – na verdade, a entidade
cujos sentidos percebem é, em si mesma, meramente uma aparência na consciência
de um ‘outro’ que a percebe como um objeto! Assim, os objetos percebidos
equivocadamente como entidades na consciência de outro não sendo entidades
autônomas, o que realmente acontece é que não há nenhum percebedor como tal,
mas apenas o perceber de objetos conceituais movendo-se no espaço conceitual,
em uma duração também conceitual. Não são todos estes, claramente, aspectos do
sonho que experimentamos quando dormimos? Quando o que sonha acorda, o sonhar
termina, e aquele que despertou não está mais interessado nas ‘outras’
entidades do sonho. Similarmente, no sonho vivente, aquele que desperta (que
compreende que nada perceptível pelos sentidos, incluindo a ‘entidade’ que
pensa ser, pode ser outra coisa a não ser uma mera aparência na consciência) não se
ocupa mais das outras imagens do sonho vivente. O desperto compreende que ele é
a Absoluta Subjetividade incondicionada na qual o movimento da consciência deu
início, espontaneamente, ao sonho da vida, sem causa ou razão aparente, e
apenas ‘vive’ distante do sonho até o fim do tempo designado, quando,
novamente, a consciência se une, também de forma espontânea, à Subjetividade
Absoluta.
De: "Sinais do Absoluto" - Ensinamentos de Sri Nisargadatta Maharaj. (Ramesh Balsekar)
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