Este desejo procede diretamente do não-estado. Assim, como se tornar convencido que o desejo vem apenas do não-estado e não de qualquer estímulo interno? É esta a sua pergunta?
O desejo surge quando você se sente limitado. Assim, devemos investigar alguns momentos em que você não se sente ilimitado, sem desejos, completamente livre. Neste momento de ausência de desejos, há plenitude, e nesta plenitude não há lugar para uma imagem de uma pessoa ou de um objeto desejado. Isto está além dos limites da relação sujeito-objeto. Mas, depois de deixar este silêncio, o “eu” salta para dentro e reivindica esta “experiência” para si mesmo. Ele diz: “Eu tive uma experiência de felicidade e sua causa foi o meu carro novo... minha nova situação... minha nova esposa”. Mas, mais tarde, a nova esposa ou o novo carro pode deixá-lo completamente indiferente. Não é esta a prova de que o não-estado sem desejo não está realmente ligado a qualquer objeto? E, então, você chega à convicção de que o estado de ausência de desejos é sua natureza real, que nada “exterior” pode levá-lo ao não-estado. Esta é uma compreensão muito importante.
Em contato com alguém que vive no não-estado e é completamente autônomo, você pode sentir esta autonomia como um estado de quietude, de não-agitação, o qual provoca uma reorganização de sua energia. E, como o seu habitual estado de agitação oculta o não-estado, este breve período de não-agitação pode dar a você uma antecipação de sua propria autonomia.
De: "A Simplicidade de Ser" Dialogos com Jean Klein
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