Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Domingo, 26 de Julho de 1981




"Era uma manhã de domingo em que, costumeiramente, a salinha ficava cheia, no limite de sua capacidade. Maharaj sorriu e disse que, apesar de saberem que ele não estava em condições de falar, as pessoas seguiam visitando-o. O que esperavam obter? Com esforço considerável, e, apoiado pelo seu devoto assistente Anna, empertigou-se. Olhou em torno e disse que não era capaz de reconhecer as pessoas, mas que, se houvesse alguma pergunta, não a contivessem. Tentem, contudo, acrescentou, lembrar-se de que, no nível intelectual, não há fim para as perguntas.
Um visitante perguntou: Durante o curso da busca da verdadeira natureza, o mundo exterior e a mente interior criam numerosas obstruções. Por quê? E o que se deve fazer? Maharaj respondeu rapidamente: Insista naquele que está buscando. Isto é tudo o que necessita fazer e, de fato, não há nada mais que você possa realmente fazer. Se fizer isto – isto é, nunca deixar que escape o-que-busca – você, finalmente, descobrirá que o buscador não é outro senão a consciência que busca sua origem, e que o próprio buscador é tanto a busca quanto o buscado, e isto é você.
Houve outras diversas perguntas que Maharaj descartou mais ou menos sumariamente, já que se relacionavam ao comportamento de alguém no mundo, sendo o ponto principal o de que a natureza, ou a consciência em ação é a responsável pelo crescimento espontâneo do corpo a partir do momento da concepção até o nascimento do corpo e, mais tarde, da infância à juventude, ao pleno desenvolvimento e, finalmente, à decadência. “Por que você aceitou tão rapidamente a responsabilidade pelas ações do corpo e, através disso, a escravidão da retribuição por tais ações?” – ele perguntou.
Finalmente, perto do fim, surgiu uma pergunta: “Há qualquer diferença entre um Avadhuta e um Jnani? Estou fazendo a pergunta por que gostaria de saber como uma pessoa realizada age neste mundo”.
Maharaj riu e disse: Todas as suas palavras usadas para elaborar perguntas e todas as minhas como respostas a tais perguntas parecem não conduzir a nada. Tivesse mesmo uma de minhas simples respostas encontrado seu alvo, não haveria mais pergunta alguma. Assim, de certo modo, o que acontece é melhor; suas continuadas perguntas e minhas respostas contribuem para algum entretenimento para passar o tempo! De fato, não há nada mais a ser feito desde que não haja nenhum ‘propósito’ para este que é visto como o Universo – tudo é Lila, e nós participamos dela. Mas devemos entender isto.
De qualquer forma, ocupemo-nos de sua pergunta. Avadhuta, Jnani e realização são todos nomes de um estado, do qual a própria presunção básica é a total negação da separação de uma entidade individual, e, ainda assim, a pergunta está baseada no entendimento de que um Jnani é uma ‘pessoa’, e você quer saber como tal pessoa age neste mundo. Você vê a contradição que há nisto? No momento em que há a realização, a diferença entre o eu e os outros desaparece, e, certamente, junto com ela, a autoria da pseudo-personalidade. Portanto, uma vez que a realização aconteça – entenda que ‘alguém’ não ‘consegue’ a realização – o sentido de volição, ou desejo, ou escolha de ação não pode permanecer.
Tente entender a significação do que acabo de dizer. Se você entendeu, você também terá compreendido que não pode existir uma ‘pessoa’ realizada e, portanto, não há sentido em perguntar como uma pessoa realizada atuaria no mundo. O que acontece para o corpo? A resposta às situações externas é espontânea, intuitiva, sem a interferência de uma mente individual dividida, e, dessa maneira, está fora de questão a atividade volitiva. "









"Sinais do Absoluto"









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