Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A prova da verdade





"Poderia haver alguma prova da verdade? Maharaj, em algumas ocasiões, propunha esta questão, como se para si mesmo. Poderia a verdade ser compreendida intelectualmente?
Além de um intelecto bem preparado, diz Maharaj, o que busca deve ter fé para habilitá-lo a compreender os fundamentos básicos da verdade. E a fé deve ser do tipo que possa aceitar as palavras do Guru como a própria verdade. A fé é o primeiro passo, e nenhum progresso mais é possível a menos que tal passo seja dado.
Há pessoas de mente simples que, embora não dotadas com um intelecto afiado, têm abundante fé. Maharaj dá a elas um Mantra e pede para que o cantem e nele meditem até que suas psiques estejam purificadas o suficiente para receber o conhecimento.
Com os intelectuais, Maharaj tem que tratar diferentemente. O intelectual entende o que as várias religiões propagam, os códigos morais e éticos que prescrevem e, também, os conceitos metafísicos que esboçam; mas permanece não iluminado. O que ele realmente busca é a verdade, o fator constante que não está sujeito a qualquer mudança. E, além disso, quer provas, mas não é capaz de dizer qual o tipo de prova que o satisfaria. A prova, como tal, seria, por sua vez, algo sujeito ao espaço e ao tempo, e ele é inteligente o bastante para saber disto. A verdade, para ser verdade, deve ser atemporal e ilimitada. Maharaj diz que qualquer pessoa inteligente deve admitir que ‘eu sou’, o sentido de presença consciente, de ‘ser’, é a única verdade que todo ser sensível conhece, e que esta é a única ‘prova’ que se pode ter. E, ainda, a mera existência não pode ser comparada com a verdade pela simples razão de que a própria existência não é atemporal e ilimitada como a Realidade.
Maharaj, em suas conversas, lança luz abundante sobre este beco sem saída. Um homem cego poderia dizer: Prove-me que as cores existem, apenas então acreditarei em toda sua atraente descrição do arco-íris. Sempre que tais perguntas são propostas a Maharaj, ele reage a elas dizendo: Prove-me que há algo como Bombaim ou Londres ou Nova Iorque! Em qualquer parte, diz ele, é a mesma terra, ar, água, fogo e céu. Em outras palavras, não se pode buscar a verdade como um objeto nem se pode descrevê-la. Ela poderia ser apenas sugerida ou indicada, mas não expressa em palavras, porque a verdade não pode ser concebida. Qualquer coisa concebida será um objeto e a verdade não é um objeto. Como Maharaj o expressou: Você não pode ‘comprar’ a verdade como algo que fosse, de forma impositiva, certificado e selado como ‘Verdade’. Qualquer tentativa de encontrar a prova da verdade envolveria uma divisão da mente em sujeito e objeto e, então, a resposta não seria a verdade, porque não há nada objetivo sobre a verdade, a qual, essencialmente, é pura subjetividade.
Todo o processo, diz Maharaj, é como um cão que persegue seu próprio rabo. Na busca da solução para este enigma, deve-se analisar o próprio problema. Quem quer a prova da Verdade ou da Realidade? Entendemos com claridade o que somos? Toda existência é objetiva. Todos nós “existimos” como objetos apenas, como meras aparências na consciência que nos reconhece. Há realmente qualquer prova que ‘nós’ (que buscamos a prova da Realidade) mesmos existimos, exceto como objetos de conhecimento na mente de um outro?
Quando buscamos a prova da verdade, o que estamos tentando fazer é equivalente à sombra que busca a prova da substância! Maharaj, portanto, encoraja-nos a ver o falso como falso, e então não mais existirá busca pela verdade. Você entendeu o que eu quis dizer? Ele pergunta. Você sentiu intuitivamente qual é a posição? Aquele que é buscado é o próprio buscador! Um olho pode ver a si mesmo? Por favor, entenda, diz ele: Atemporalidade, infinitude, não reconhecíveis sensorialmente, é o que nós somos; temporalidade, finitude, reconhecíveis sensorialmente, é o que nós parecemos ser como objetos separados. Considere o que você era antes de adquirir a forma física. Você necessitaria de qualquer prova sobre alguma coisa então? O problema de uma prova surge apenas na existência relativa, e qualquer prova fornecida dentro dos parâmetros da existência relativa pode ser apenas uma inverdade. "


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