Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Como um Jnani vê o mundo




"Uma visitante, aproveitando-se do fato de que era o último dia de sua visita a Bombaim, pediu a permissão de Maharaj para perguntar sobre o que ela chamou uma questão “boba”.


Maharaj: Todos os pensamentos, todos os desejos, santos ou profanos, vêm do ser. Todos eles dependem do desejo de ser feliz e, portanto, são baseados no sentido ‘eu sou’. Suas qualidades dependerão de nossa psique (Antahkarana) e do grau em que prevaleçam os três Gunas. Tamas produz limitação e perversões; Rajas produz energia e paixões; e Sattva produz harmonia e o impulso para fazer os outros felizes. Agora, qual sua pergunta?




Visitante: Todos estes dias – os quais se foram, desafortunadamente, rápidos demais – enquanto você estava falando e suas palavras estavam brotando como que por si mesmas, sem qualquer preparação anterior, perguntei-me sobre como você olha para os objetos que seus olhos vêem, incluindo as pessoas que estão sentadas diante de você. Como hoje é o último dia de minha presente visita, pensei em atrever-me a fazer esta pergunta um pouco boba.



Maharaj: O que a faz pensar que eu vejo vocês como nada mais que objetos? Você supõe que eu veja as coisas com um certo significado especial, um significado que lhe escapa. Mas esta não é realmente sua pergunta. Sua questão, essencialmente, parece ser: Como as coisas são percebidas por um Jnani que as vê como devem ser vistas?



Por favor, lembre, os objetos são, na realidade, a percepção que deles se tem. Reciprocamente, portanto, a percepção deles é o que os objetos são. Tente entender.



Quando um objeto é visto como um objeto, teria que existir um sujeito distinto do objeto. Como o Jnani percebe, não há nem o sujeito que vê nem o objeto que é visto; há apenas ‘visão’. Em outras palavras, a percepção do Jnani é anterior a qualquer interpretação pelas faculdades sensoriais. Mesmo se o processo normal de objetificação tiver acontecido, o Jnani, em sua perspectiva, tomou nota deste fato e vê o falso como falso. O Jnani, em sua visão não dividida, percebeu que, fisicamente, tanto o que vê quanto o visto são objetos, e que o funcionamento da própria consciência produz meramente efeitos na consciência. A produção e a percepção são realizadas pela consciência, na consciência. Tente entender isto.
Em resumo, a visão do Jnani é a visão total, ou visão interior, ou visão intuitiva, visão sem qualquer qualidade objetiva – e que é livre da escravidão.

A isto me refiro quando digo:

“Eu vejo, mas não vejo”.


E esta é a resposta boba para sua questão boba."






"Sinais do Absoluto" - Pointers from Nisargadatta Maharaj






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