Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O orgulho do êxito pessoal





“Trabalhei duramente e agora me considero um homem bem-sucedido. Eu seria um hipócrita se não admitisse que me sinto muito satisfeito e, sim, também, sinto um certo orgulho em meu êxito pessoal. Isso seria errado?”

Certa manhã, um visitante estrangeiro dirigiu-se a Sri Nisargadatta Maharaj com estas palavras. Era um homem de quarenta e poucos anos – presunçoso, autoconfiante e um pouco agressivo. A conversa prosseguiu então como se segue:


Maharaj: Antes de considerarmos o que é ‘certo’ e o que é ‘errado’, por favor, diga-me quem faz esta pergunta?


Visitante: (Um pouco surpreso) Como? ‘Eu’, certamente.


M: E quem é este?


V: Eu. Este ‘eu’, quem está sentado em frente de você.


M: E você pensa que você é este?


V: Você me vê. Eu me vejo. Onde está a dúvida?


M: Você quer dizer este objeto que está diante de mim? Qual é sua mais antiga lembrança deste objeto que pensa ser? Retroceda tanto quanto possa.


V: (Depois de um minuto ou dois) A recordação mais antiga seria talvez estar sendo cuidado e abraçado por minha mãe.


M: Como uma criança pequena, você quer dizer. Diria que o homem bem sucedido de hoje seria a mesma criança desamparada, ou seria um outro alguém?


V: Sem dúvida, é o mesmo.


M: Bem. Agora, se você pensar mais para trás, concordaria que aquela criança, a qual lembra, é a mesma que nasceu de sua mãe e que uma vez foi tão desamparada que não se dava conta sequer do que acontecia quando seu corpo realizava suas funções físicas naturais, e só podia chorar ao sentir dor ou fome.


V: Sim, eu era aquela criança.


M: E o que você era antes que a criança adquirisse um corpo e nascesse?


V: Eu não entendo.


M: Você entende. Pense. O que aconteceu no útero de sua mãe? O que se desenvolveu em um corpo com ossos, sangue, medula, músculos, etc., durante um período de nove meses? Não foi um espermatozóide que, combinado com o óvulo no ventre feminino, deu início a uma nova vida e, no processo, passou por numerosos perigos? Não foi aquela infinitesimalmente pequena célula de esperma que, agora, está tão orgulhosa de seus êxitos? Quem pediu por você em particular? Sua mãe? Seu pai? Queriam particularmente você como filho? Você tem algo a ver com o ser nascido desses pais em particular?


V: Estou receoso, nunca havia pensado nisto.


M: Exatamente. Reflita a este respeito. Então, talvez, você terá alguma idéia de sua verdadeira identidade. Depois disto, considere se você poderia acaso estar orgulhoso do que você ‘alcançou’.


V: Penso que começo a entender o que você quer dizer.


M: Se você se aprofundar no assunto, compreenderá que a origem de seu corpo – o espermatozóide e o óvulo – é em si mesma a essência do alimento consumido pelos seus pais; que a forma física está composta e se alimenta dos cinco elementos que constituem o alimento; e também que, com muita freqüência, o corpo de uma criatura torna-se o alimento de outra.


V: Mas, certamente, eu, como tal, devo ser alguma coisa distinta deste corpo-alimento.


M: Sem dúvida que você é, mas não alguma ‘coisa’. Descubra o que é aquilo que dá sensibilidade a um ser sensível, aquilo sem o qual você nem mesmo saberia que você existe, sem falar no mundo exterior. E, finalmente, vá mais fundo ainda e examine se esta qualidade de ser, esta própria consciência, não está sujeita ao tempo.


V: Deverei, certamente, penetrar nas várias questões que você levantou, embora deva confessar que nunca explorei estas áreas antes, e me sinto quase tonto em minha ignorância dos novos campos que você abriu diante de mim. Voltarei a vê-lo novamente, senhor.


M: Será sempre bem-vindo.





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