Blog da Editora Advaita com textos de dialogos com Sri Nisargadatta Maharaj e outros Mestres como Sri Ramana Maharshi, Jean Klein, Ramesh Balsekar, Tony Parsons, Karl Renz e outros. Não-dualidade. Para encomendar o livro "Eu Sou Aquilo" Tat Twam Asi - Conversações com Sri Nisargadatta Maharaj" escrever para editora.advaita@gmail.com

segunda-feira, 1 de julho de 2013

O buscado é a apercepção










Uma outra manhã, Maharaj sentou-se inclinado em sua cama, com seus olhos fechados. Os visitantes tinham chegado um por um e sentado quietamente. Ao verem o Mestre descansando, sentaram-se em meditação com os olhos também fechados. É surpreendente como é fácil entrar no estado de ‘jejum’ da mente na presença do Mestre. Repentinamente, Maharaj começou a falar, embora com uma voz fraca.
          "Vocês, pessoas, vêm aqui desejando algo. O que vocês querem pode ser conhecimento com “C” maiúsculo – a mais alta Verdade – todavia, vocês querem alguma coisa. A maioria de vocês tem vindo aqui há bastante tempo. Por quê? Se tivessem tido a apercepção do que tenho dito, vocês deveriam ter parado de vir há muito tempo! Mas o que realmente aconteceu é que vocês vêm aqui dia após dia, identificados como seres individuais, homem ou mulher, com diversas pessoas e coisas que vocês chamam ‘minhas’. Pensam, também, que vêm aqui por vontade própria, para ver um outro indivíduo – um Guru – que, vocês esperam, lhes dará a ‘liberação’ da ‘escravidão’.
          Vocês não percebem quão ridículo é isto? O fato de que venham dia após dia mostra apenas que não estão preparados para aceitar minha palavra de que não existe nada semelhante a um ‘indivíduo’; que o ‘indivíduo’ é apenas uma aparição; que uma aparição não pode estar sujeita à ‘escravidão’ e, portanto, não há nenhuma ‘liberação’ possível para ela.
          Vocês nem mesmo compreendem que, se a própria base de suas buscas estiver errada, o que poderiam encontrar? De fato, há algo a ser alcançado? Por quem? Por uma aparição?
          Isto não é tudo. O que digo está sendo gravado por algumas pessoas; outras tomam suas próprias notas. Para qual propósito? Fazer o condicionamento ainda mais poderoso? Vocês não compreendem que nunca houve a questão do ‘quem’? Tudo que aconteceu (se de algum modo algo aconteceu) foi espontâneo. Nunca houve qualquer lugar para um indivíduo na totalidade da manifestação; todo o funcionamento está no nível do espaço físico conceitual (Mahadakash), o qual está contido em um fragmento conceitual de consciência, o espaço mental do tempo, percepção e cognição (Chidakash). Esta totalidade do conhecido se funde finalmente na potencialidade infinita que é a atemporal e ilimitada Realidade (Paramakash). Nesta manifestação conceitual, formas sem número são criadas e destruídas, sendo o Absoluto imanente em todas as formas fenomênicas. Onde figuram os indivíduos como indivíduos? Em parte alguma. E, ainda assim, em todo lugar, pois nós somos a manifestação. Nós somos o funcionamento. Nós somos a vida sendo vivida. Somos o que vive no sonho. Mas não como indivíduos.

          A apercepção desta verdade destrói o buscador individual; o buscador torna-se o buscado e o buscado é a apercepção."



De "Sinais do Absoluto"







Um comentário:

Anônimo disse...

Muito obrigado pelo texto!

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